mônica simões
Com mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia e residência na Escola Superior de Arte e Mídia de Colônia, na Alemanha, Mônica Simões é fotógrafa, videomaker e artista plástica. Há 20 anos, atua em pesquisa, curadoria, roteiro, direção e criação de projetos na área das artes visuais. Dirigiu programas para televisão, veículo que tem dado suporte a muitos de seus trabalhos. Entre eles, destacamos Negros (2009), Desenho de Corpo (2004), Uma Cidade (2000), Bahia (1999), Quilombos Urbanos (1993), Eu Sou Neguinha? (1998).
auto-biografia
1955 – Nasci em 22 de fevereiro, na cidade de Salvador, Bahia, Brasil, às 22:05 de uma terça-feira de carnaval. Filha do professor de filosofia Ruy Simões e da atriz Maria da Conceição Moniz Silva.
1960 a 1970 – Fiz o primário e o ginásio em um colégio tradicional feminino de Salvador, onde minha mãe também estudou: Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Sempre fui fascinada por fotografia. Aos 12 anos comecei a organizar o grande acervo fotográfico da família e a estudar violão.
1971 a 1973 – Cursei o clássico no colégio experimental Brasileiro de Almeida, no Rio de Janeiro. Neste período comecei a estudar dança e teatro e a freqüentar com muita assiduidade os cinemas de arte.
1974 a 1977 – Continuo a estudar teatro e dança e concluo o curso de História na Universidade Federal da Bahia. Neste período considero importante destacar dois fatos: a descoberta da cultura negra, pelo viés etnográfico, despertado através das aulas da Profª. Iêda Pessoa de Castro e a oportunidade de trabalhar no Centro de Estudos Afro-orientais – CEAO. Esta experiência abriu-me mais ainda o campo de visão sobre a pesquisa, além de despertar para sempre o meu interesse pela África, especialmente a diáspora e suas conseqüências culturais no Brasil.
1977 a 1981 – Após a minha graduação, uma pausa para a criação das minhas obras mais importantes: Lídia (1977) e Carolina (1981), minhas duas filhas.
1982 a 1984 – Ingresso no setor de história do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia – IPAC, na época, sob a direção do antropólogo Vivaldo da Costa Lima.
1984 a 1987 – Transferência para o núcleo de História Oral da Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB, sob a coordenação da historiadora Tânia Gandon. A experiência com a oralidade como linha de pesquisa foi definitiva na minha formação de pesquisadora. Também em 1984, começo a fotografar profissionalmente. E desde já, para mim, o foco central sempre foi gente e cidade.
1988 – Participo da 1ª Bienal de Fotografia em Salvador, com o trabalho Mulheres da Minha Vida, e realizo o meu primeiro vídeo, Eu sou neguinha?, um documentário sobre a reflexão da mulher negra baiana a respeito da Abolição da Escravatura, no ano do seu centenário. Através deste trabalho participei de importantes festivais nacionais e internacionais (São Francisco, Nova York, Buenos Aires, São Paulo, Rio de Janeiro) confirmando a minha nova vocação.
1989 – Desligo-me definitivamente do estado, para viver a aventura de desenvolver meus próprios projetos.
1990 a 1994 – Realizo Código de Hamurabi, documentário-ficção sobre os anos 70 na Bahia e o clip-documentário Quilombos Urbanos. Em paralelo aos meus projetos autorais começo a trabalhar em produtoras e emissoras de televisão baianas escrevendo roteiros, dirigindo institucionais, comerciais e videoclips. Ainda em 1993 recebo o convite do então diretor do Göethe Institut da Bahia – ICBA, Roland Schaffner, para criar e coordenar um núcleo de vídeo que fomentasse esta linguagem na cidade. Esta parceria gerou o videonúcleobahia, que desenvolveu vários projetos de vídeos com a Alemanha, promoveu oficinas (fotografia, roteiro, instalação) com artistas e técnicos de importância nacional e internacional e realizou o Awòran, festival de vídeo música.
1995 a 1996 – Realizo a minha primeira oficina de vídeo em parceria com o Göethe Institut da Bahia – ICBA, e sou contemplada com uma bolsa pelo mesmo instituto para um estágio na Kunsthochschule für Medien de Colônia, na Alemanha. Esta experiência foi um divisor de água na minha produção. Realizo “Sonntag,” meu primeiro vídeo experimental no qual, pela primeira vez, utilizo a mim mesma como personagem.
1996 – Na minha volta ao Brasil, sigo trabalhando como free-lancer para produtoras locais e emissoras de televisão e continuo a realizar oficinas de vídeo em diversos locais de Salvador: Institutos, Universidades, Fundações, Escolas e ONGS. Realizo Café com pão manteiga não, meu segundo vídeo experimental.
1997 – Primeira instalação: Lambe-Lambe (Prêmio Copene). Permaneço com a mesma temática, gente e cidade, mas acrescento uma nova linguagem no meu fazer. Além de utilizar as duas linguagens – fotografia e vídeo – incorporo pela primeira vez as artes plásticas, em forma de objetos e esculturas. Considero Lambe-Lambe um marco na minha trajetória enquanto artista. A partir daí venho intercalando trabalhos com fotografia, vídeo e instalação. Primeira participação em um salão de artes com a vídeo instalação Verdades e Mentiras selecionada para o IV Salão do Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM BA.
1998 a 1999 – A partir de 1998 os meus laços com a cidade de São Paulo ficam cada vez mais estreitos, através de participações em festivais de vídeo, exposições e eventos culturais. Dirijo o documentário Entre Cordas Caches e Abadás, uma produção do Núcleo de Extensão da Universidade Federal da Bahia. Realização do vídeo arte Bahia, uma co-produção com a Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB, e participação no VI Salão do MAM Bahia com a instalação Maria Ferreira da Silva Neta
2000 – Lançamento nacional de Uma Cidade (1º prêmio Festival Internacional Etnográfico RJ). Este documentário é uma declaração de amor ao filme de arquivo de família e considero o meu trabalho mais original no gênero documentário. Ainda este ano sou contemplada com a Mostra Vídeo Autor no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, do Rio de Janeiro, sob a curadoria de Vicente Duque Estrada e com o nascimento da minha primeira neta: Maria Alice.
2001 – Já morando em São Paulo vale destacar: as oficinas de arte Vozes da Cidade e Luzes da Cidade, ambas realizadas na Casa Mario de Andrade; a participação na Bienal 50 anos São Paulo com a instalação Tempos de uma Cidade e o prêmio do VIII Salão do MAM da Bahia com a instalação Latitude, realizada em parceria com Nicolau Vergueiro.
2002 a 2004 – Dirijo duas séries para o Ministério de Educação através da TV Escola: Mestres da Literatura (Lima Barreto e Guimarães Rosa) e História do Brasil com Boris Fausto, sete programas desde a chegada de Cabral até a primeira eleição de Lula, um trabalho de pesquisa extenso que envolveu os principais arquivos brasileiros. Dirijo o documentário O Caminho de Santiago com Paulo Coelho para a revista Viagem da Editora Abril. Dirijo a série de micro documentários Cientistas Brasileiros para a TV Cultura e em co-produção com o GNT realizei Desenho de Corpo, um documentário que acontece na cidade de São Paulo onde a personagem principal é a tatuagem. Participo do XI Salão MAM Bahia com a instalação Auto-Retrato.
2006 – Entro no mestrado de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, com o projeto Fotografia: olhar e memória, sobre o acervo fotográfico da minha família.
2008 – Selecionada pelo DOC TV – Bahia com o projeto Negros, e para a IX Bienal do Recôncavo com a instalação Cuba. Premiada pelo edital Centro Cultural Correios Salvador, para a realização da exposição Eu sou neguinha?, retrospectiva dos meus 20 anos de carreira e pelo edital Matilde Matos da Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB, com este projeto de exposição Intervenção Doméstica.
Venho realizando trabalhos cada vez mais na linha auto-etnográfica, utilizando o meu corpo e objetos e temas que fazem parte da minha história de vida, como suporte e produto final das minhas obras.
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